FLUORETO E INTELIGÊNCIA: AVALIAÇÃO CRÍTICA DE UM ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/244963.6.1-2

Palavras-chave:

fluoretação, inteligência, gravidez, criança

Resumo

Introdução: A fluoretação da água é considerada uma estratégia eficaz e segura para a prevenção de cárie dentária. Contudo, com base em um estudo de coorte realizado no Canadá que avaliou a associação entre exposição de gestantes a fluoreto (F) e inteligência (QI) da prole aos 3/4 anos de idade, publicações alarmistas nas redes sociais têm divulgado que o F adicionado à água reduz a inteligência de crianças. Objetivo: Avaliar a qualidade da evidência sobre exposição à F e inteligência proporcionada por esse estudo. Apresentar as principais características do estudo seguida de análise crítica da evidência. Síntese dos dados: A concentração de F na água consumida pelas gestantes expostas à água fluoretada foi 4,5 vezes maior do que na água consumida pelas gestantes que viviam em região sem água fluoretada; o escore médio de QI das crianças dos dois grupos foi o mesmo. Houve associação estatisticamente significante entre excreção urinária materna de F e menor QI de meninos. O aumento de 1 mg F/l na ingestão autorrelatada de F materna foi associado a um decréscimo de 3 pontos no QI da prole. A análise crítica identificou risco de viés de seleção e de informação e confundimento residual, com potencial de comprometer a validade dos resultados. Conclusão: O estudo não proporciona evidência robusta sobre exposição ao fluoreto e diminuição da inteligência. Sua conclusão não deve ser extrapolada como suporte científico para propostas de mudanças na fluoretação da água de abastecimento público.

Biografia do Autor

Branca Heloisa Oliveira, Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitária, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Br

Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ, 2003) e Especialista em Odontopediatria pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Faculdade de Odontologia,1982). Pós-doutorado na Escola Nacional de Saúde Pública (Tutor: Paulo Nadanovsky;ENSP/FIOCRUZ) e New York University (Tutor: Richard Niederman;NYU). É Diretora Científica da Associação Brasileira de Odontopediatria - Seção RJ e Professora Titular (aposentada) da Faculdade de Odontologia - FOUERJ (Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitária - PRECOM). Atua nas áreas de Odontologia, com ênfase em Odontopediatria, e Saúde Coletiva/Epidemiologia. Atualmente, desenvolve projetos de pesquisa em colaboração com pesquisadores brasileiros e estrangeiros com foco em: Saúde Bucal de Crianças e Adolescentes, Práticas de Saúde Baseadas em Evidência Científica, Qualidade de Vida Associada à Saúde Bucal, Ansiedade Associada ao Tratamento Odontológico e Divulgação e Popularização da Ciência. É membro do grupo de pesquisa Núcleo de Odontologia Baseada em Evidência da UERJ (CNPq) e mantém no Instagram uma conta de Divulgação Científica: oliveirabh_emevidencia. É autora de diversos capítulos de livros de Odontologia e Epidemiologia, publicados no Brasil e no exterior, e parecerista de revistas científicas e agências de fomento à pesquisa. Foi Coordenadora-Adjunta do Programa de Pós-graduação em Odontologia da FOUERJ (2017-2019), Coordenadora do Mestrado em Odontopediatria do Programa de Pós-graduação em Odontologia da FOUERJ (2014-2018), Coordenadora do Projeto de Extensão Crescer Sorrindo UERJ na Web (2013-2018) e Coordenadora do Projeto de Extensão Crescer Sorrindo (2001-2012). Foi assessora do Vice-reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) de 2012 a 2015 e Coordenadora de Programas e Projetos de Extensão (COPROEXT/DEPEXT), na Sub-reitoria de Extensão e Cultura, da UERJ de 2008 a 2011. Foi docente do programa de pós-graduação em Odontologia da UERJ de 2003 a 2021, orientando e co-orientando dissertações de mestrado (Odontopediatria e Ortodontia) e doutorado (Periodontia e Odontopediatria). Co-orientou uma tese de doutorado (Saúde Coletiva) no Instituto de Medicina Social/UERJ.

Laís Rueda Cruz, Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitária, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Br

Graduação em Odontologia pela Universidade Federal da Bahia (2012), especialista em Odontopediatria pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (2017), mestre em Odontologia (área de concentração - Odontopediatria) (UERJ) (2020) e atualmente cursa o Doutorado em Odontologia (área de concentração - Odontopediatria) (UERJ).

David Normando, Departamento de Ortodontia, Universidade Federal do Pará - UFPA, Belém, Pará, Brasil

Possui graduação em Odontologia pela UFPA, residência em Ortodontia pela HRAC-USP/Bauru, mestrado em Odontologia (Clínica Integrada) pela FOUSP e doutorado em Odontologia (Ortodontia) pela UERJ. É professor associado da Faculdade de Odontologia da UFPA, coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da ABO-Pará e ex-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPA (2012-2017). Fundador e ex-editor-chefe da Revista Paraense de Odontologia (1994-1996), editor-associado (2010-2011) e editor-Chefe (2012-2017) do Dental Press Journal of Orthodontics. Atualmente, atua como editor associado do Progress in Orthodontics e como membro do conselho editorial da EDUFPA (editora da UFPA) e do corpo editorial do Angle Orthodontist e Journal of the World Federation of Orthodontists. Revisor de diversas revistas científicas (BDJ, JAOS, BOR, EJO, Scanning, PLOs ONE, Revista Clínica de Ortodontia). É coordenador do grupo de pesquisa Ortodontia da Amazônia. Tem experiência na área de Odontologia, com ênfase em Ortodontia, atuando principalmente nos seguintes temas: epidemiologia da má oclusão em populações urbanas e indígenas, crescimento craniofacial em fissurados, Bioestatística, efeitos das perdas dentárias na oclusão, percepção da estética, eficiência dos aparelhos ortodônticos.

Jaime Aparecido Cury, Departamento de Biociências, Universidade de Campinas - UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brasil

Possui graduação em Odontologia pela Universidade Estadual de Campinas (1971), mestrado em Ciências (Bioquímica) pela Universidade Federal do Paraná (1974), doutorado em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade de São Paulo (1980) e pos-doutorado pela Universidade de Rochester, EUA (1995 e 2005). Atualmente é professor titular de bioquímica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, UNICAMP. Tem experiência na área de Odontologia, com ênfase em Cariologia, atuando principalmente nos seguintes temas: fluor, biofilme dental. Tem recebido vários prêmios em sua carreira, com destaque para: 1) "The 2010 Yngve Ericsson Prize for Research in Preventive Odontology"; 2) Laureado em 2011 pela Regional LatinoAmericana da IADR (international Association for Dental Research) pela ?Invalorable contribución a la investigación, difusión y formación de recurso humano en la región LA; 3) 2012 ORCA Prize; 4) Dr. Honoris causa pela PUC-RS em 2015 e 5) 2019 IADR Distinguished Scientist William H. Bowen Research in Dental Caries Award; 6) 2020 IADR E.W. Borrow Memorial Award; 7) Dr. Honoris causa pela Universidade de Murcia, Espanha, 2015 Os prêmios "Ingve Ericsson", "ORCA Prize" e "IADR Research in Dental Caries" não haviam sido nunca antes concedidos a pesquisadores fora do eixo Europa-Estados Unidos.

Downloads

Publicado

2021-04-30

Edição

Seção

Comentário